Recebo do amigo Alex Saratt um excelente artigo do jornalista Juremir Machado da Silva publicado no jornal Correio do Povo, do RS, em 26 de maio de 2010. Reproduzo parte:
Pagamos impostos, mas recebemos serviços em troca. Como dizem os próprios liberais, não existe almoço grátis. Queremos serviços públicos. Temos de pagar por eles. A relação custo-benefício no caso dos impostos no Brasil é inadequada. Pagamos mais do que recebemos. Precisamos, então, exigir que essa relação seja melhorada ou reinventada. Costuma-se, porém, difundir no Brasil uma mentira que já está ganhando ares de verdade: a de que o Brasil tem a maior carga tributária mundial. Dados da OCDE dizem outra coisa: Suécia (51,1%), Dinamarca (50,6%), Finlândia (46,6%), Bélgica (45,4%), Áustria (44,3%), França (44%), Itália (43%), Luxemburgo (42,1%), Noruega (41,8%) e Alemanha (40,3%). Estamos em 38,1%. Números que variam ligeiramente em outras bases de dados.
No ranking da revista americana International Living, a França, grande arrecadadora de impostos, aparece em primeiro lugar em qualidade de vida. Entre os dez mais bem colocados nessa classificação, seis (França, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Canadá e Itália) estão entre os maiores cobradores de impostos. Os Estados Unidos desabaram da terceira para a sétima posição nessa lista do bem-estar. É verdade que a Austrália (carga tributária média de 30,68%) ocupa o segundo lugar nessa tabela da boa vida. Já o Japão (27,44 de carga tributária) aparece num constrangedor trigésimo sexto lugar, apenas duas posições à frente do Brasil. Finlândia, Áustria, Dinamarca e Suécia estão entre os 18 melhores. Conclusão: pode-se ter riqueza e qualidade de vida com baixa carga tributária. Mas o mais frequente é encontrar alta qualidade de vida e riqueza com alta carga tributária. O problema, claro, é ter alta carga tributária e baixa qualidade de vida. Qual é o alvo?
Pois é.Sempre que alguém começa seu desfile de lamentos sobre os "altíssimos" impostos do Brasil eu pergunto se o problema não pode ser justamente as isenções de impostos ou o baixo índice de impostos como em grandes transações comerciais, transmissão de heranças ou operações financeiras.
Mas isto nem passa pela cabeça destas senhoras e senhoras que, mesmo reclamando de impostos, ficam bem contentes quando bancos e empresas recebem socorro financeiro do Estado.
Um comentário:
Isso mesmo, Re! Nós, servidores públicos - ou melhor, trabalhadores públicos -, sabemos o quanto somos importantes para garantir minimamente a dignidade e a cidadania de milhões de brasileiros. Basta dessa farsa demagógica e rasteira do empresariado sonegador, que avilta salários e mama nas tetas de sucessivos governos! Senta a pua!
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