quinta-feira, 27 de maio de 2010

A farsa do dia sem impostos

Recebo do amigo Alex Saratt um excelente artigo  do jornalista Juremir Machado da Silva publicado no jornal Correio do Povo, do RS, em 26 de maio de 2010. Reproduzo parte:

Pagamos impostos, mas recebemos serviços em troca. Como dizem os próprios liberais, não existe almoço grátis. Queremos serviços públicos. Temos de pagar por eles. A relação custo-benefício no caso dos impostos no Brasil é inadequada. Pagamos mais do que recebemos. Precisamos, então, exigir que essa relação seja melhorada ou reinventada. Costuma-se, porém, difundir no Brasil uma mentira que já está ganhando ares de verdade: a de que o Brasil tem a maior carga tributária mundial. Dados da OCDE dizem outra coisa: Suécia (51,1%), Dinamarca (50,6%), Finlândia (46,6%), Bélgica (45,4%), Áustria (44,3%), França (44%), Itália (43%), Luxemburgo (42,1%), Noruega (41,8%) e Alemanha (40,3%). Estamos em 38,1%. Números que variam ligeiramente em outras bases de dados.

No ranking da revista americana International Living, a França, grande arrecadadora de impostos, aparece em primeiro lugar em qualidade de vida. Entre os dez mais bem colocados nessa classificação, seis (França, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Canadá e Itália) estão entre os maiores cobradores de impostos. Os Estados Unidos desabaram da terceira para a sétima posição nessa lista do bem-estar. É verdade que a Austrália (carga tributária média de 30,68%) ocupa o segundo lugar nessa tabela da boa vida. Já o Japão (27,44 de carga tributária) aparece num constrangedor trigésimo sexto lugar, apenas duas posições à frente do Brasil. Finlândia, Áustria, Dinamarca e Suécia estão entre os 18 melhores. Conclusão: pode-se ter riqueza e qualidade de vida com baixa carga tributária. Mas o mais frequente é encontrar alta qualidade de vida e riqueza com alta carga tributária. O problema, claro, é ter alta carga tributária e baixa qualidade de vida. Qual é o alvo?

Pois é.Sempre que alguém começa seu desfile de lamentos sobre os "altíssimos" impostos do Brasil eu pergunto se o problema não pode ser justamente as isenções de impostos ou o baixo índice de impostos como em grandes transações comerciais, transmissão de heranças ou operações financeiras.
Mas isto nem passa pela cabeça destas senhoras e senhoras que, mesmo reclamando de impostos, ficam bem contentes quando bancos e empresas recebem socorro financeiro do Estado.

Um comentário:

ALL XXX disse...

Isso mesmo, Re! Nós, servidores públicos - ou melhor, trabalhadores públicos -, sabemos o quanto somos importantes para garantir minimamente a dignidade e a cidadania de milhões de brasileiros. Basta dessa farsa demagógica e rasteira do empresariado sonegador, que avilta salários e mama nas tetas de sucessivos governos! Senta a pua!