terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sertaneja: Ou Entre Tapas e Beijos


Não por acaso, anos atrás uma música sertaneja teve e tem até hoje seu refrão cantado, declamado, vivido ou interpretado por casais de todas as classes, de várias formas, e felizmente nem sempre chegando ao extremo absurdo e covarde da agressão física.
Mesmo assim, é no mínimo curiosa e merecedora de reflexão a constatação de que alguns relacionamentos parecem ficar mais fortes a cada briga, mais quentes a cada final, mais consistentes cada vez que acabam e depois retomam.
Enfim, cada um com seu cada qual, e se é assim que é, desde que funcione e não magoe, que seja. Resta saber se realmente não magoa, e se ninguém está cansando da brincadeira, o que fatalmente acaba acontecendo. Aí, o que sempre foi comum vira incomum, e o sofrimento é inevitável...

Pontos perdidos


Conheci Racionais MC's a partir de meu trabalho com adolescentes autores de ato infracional. Algumas letras, muito mais que as repetitivas melodias me tocaram a ponto de eu pensar no RAP como expressão de um grupo social oprimido, explorado, alijado de seus direitos. Expecialmente as músicas: Diário de um Detento, Fim de Semana no Parque e outra que não lembro o nome (estou ouvindo alguém chamar meu nome, parece um mano meu, é voz de homem...), me faziam pensar em como os Racionais tinham uma visão crítica da vida prisional..
Depois ouvi falar e conheci outro rapper, o Sabottage; Gostei muito. Morreu logo, este. De morte matada. Dizem as más línguas que por sucesso demais e juízo de menos.
Agora fico sabendo que as letras dos Racionais NÃO ERAM feitas pelos Racionais, mas sim por um presidiário que depois virou evangélico(?).
Lembrei imediatamente de políticos que só visitam morros, vilas e favelas em épocas de eleições, rappers de gravatas e do poder de cooptação do sistema.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pobres, presos e prisões.


A população carcerária de São Paulo é composta na maioria por jovens, solteiros e desempregados. Uma pesquisa do Tribunal de Alçada Criminal (Tacrim) revelou que o jovem entre 19 e 21 anos está envolvido nos crimes contra o patrimônio, respondendo por 63% dos furtos e 69% dos roubos.
O estudo mostrou que 85% dos presos tinham concluído apenas o 1.º grau, 10% o 2.º grau e 70% se declararam desempregados. O índice de reincidência era de 50%. A condenação é maior nos níveis mais baixos de escolaridade: 92% dos analfabetos foram condenados.
Depois, procuro na internet e encontro em reportagem da revista Época:
Se todos os mandados de prisão expedidos pela Justiça fossem cumpridos, o número saltaria para 653 mil vagas. Encarcerar tanta gente custaria sete vezes o valor do Bolsa-Família, ou R$ 65,3 bilhões, tendo por base o custo de cada vaga em uma penitenciária federal, que é de R$ 100 mil. Outros R$ 7 bilhões anuais seriam gastos para manter os presos. Evidentemente, esses recursos não existem. Privatizar as cadeias pode ser uma solução?
Conclusão: A classe dominante nem por sonho pensa em resolver o problema da superlotação dos presídios diminuindo a criminalidade, o analfabetismo e as desigualdades sociais, ou no mínimo usar penas alternativas. Para eles, as saídas variam entre privatizar presídios ou quem sabe redirecionar as verbas da bolsa família. Quem sabe, exportar presidiários, ou implantar a pena de morte.

Pobres, presos e prisões.

Mais Pink!

Ministro Minc


Valeu a pena ver Marina cair para ouvir o ministro Carlos Minc definir seu pensamento sobre desenvolvimento sustentável: "Ensinar ao homem que a floresta de pé vale imensamente mais do que a floresta derrubada." Grande Minc.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Tempo


Cada dia é mais um dia, ou menos um dia.
Para quem aguarda, menos um dia.
Para quem protela, mais um dia.
No final, tudo depende do ponto de vista.
Todas as coisas são relativas.
Inclusive o tempo.
Tudo depende de quem vê,
e de como vê.
No final,
Cada dia é só mais um dia.

Mortes e Vidas.


Choramos as mortes alheias pelos mais diversos motivos. Eu choro a morte dos seres amados pela saudade, ausência e falta que estes seres me farão.
Derrubei os os véus da hipocrisia e admiti: Choro as mortes por mim, mais do que que por quem morreu. Choramos na morte alheia um pouco da nossa própria.
Assim, nossas dores são menores.
É parte do ciclo da vida morrer. Doença é não entender que a morte é comum, inevitável e natural. Doença é protelar a morte quando necessária.
Deixar em paz as mortes alheias para nelas não chorar males de vidas mal-resolvidas.

domingo, 11 de outubro de 2009

Madrugada de sábado


Romper cadeias,
Algemas e esquemas.
Romper aldeias e voar.
Realizar feitos impossíveis,
Tão possíveis
Que imperceptíveis
Para o senso comum.
Tão pequeno senso.
Que incomum
É romper estratagemas
E correr mundos
Incompletos
E desconhecidos,
Descobrindo cada vez
Mais
Outras léguas,
E de hora em hora
Mudando,no mínimo ,
De signo,
Quiçá de nome
E destino completo.

sábado, 10 de outubro de 2009

Repressão e hipocrisia medieval


Tanto quanto no período medieval europeu, a mulher no Brasil colonial, ser submetida à opressão masculina volta-se para o domínio que lhe é reservado: torna-se parteira, curadora, cuidadora. Confinada ao lar, passa a desenvolver a observação cuidadosa da natureza, desenvolvendo conhecimentos específicos sobre plantas, ervas, doenças; Enfim, tudo o que requeria observação e persistência. Desta forma, acumulando conhecimentos fundamentais para a sobrevivência, A partir daí, institucionaliza-se as duas figuras femininas simbólicas: a mulher-mãe, virtuosa, casta (que se entrega para cumprir seu papel, mas sem usufruir do prazer pecaminoso), e da prostituta, a mulher, sexuada, alegre, sempre disposta e disponível. A repressão e a hipocrisia moral, como até hoje, fazendo suas vítimas ao negar à mulher o que lhe é direito: vida, prazer e conhecimento para seu próprio usufruto, e não apenas para prestação de serviços ao outro.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Jane Avril


Povoou minha curiosidade adolescente esta figura nem alegre nem triste. Veio de brinde numa revista (bastante recatada, como convinha na época) sobre vida e obra de Toulouse Lautrec. Era um poster, Jane Avril en Jardin de Paris, eeu primeiro imaginei uma vida glamurosa, de dançarinas de can-cann numa Paris cintilante. Depois, quando a realidade começou a se adensar, comecei a conceber o tormento que deve ter sido a prostituição na França da belle èpoque, com toda a carga de preconceitos, discriminação, miséria e pragas venéreas grassando sem tratamento. Comecei então a procurar informações sobre a obra do torturado Laoutrec. Geralmente pintava cenas dos cabarés que frequentava e onde morava, as mulheres com quem vivia e amava. Jane era apenas uma delas. Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa escandalizou a puritana e hipócrita sociedade da época, e morreu aos 36 anos, de sífilis, cirrose e angústia.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sonhar, voar!


Basa:
Um dos tantos heróis passados que (talvez) não existiram em carne e osso foi Ícaro, aquele que montou asas de cera para voar e viu estas asas derreterem com o sol. Bom que nossas asas podem ser criadas com o pensamento, costuradas com nossos sonhos, e, se bem sonhadas, nada derrete. Acredito (Acreditamos)em meus (nossos)sonhos com ardor adolescente. Envelhecer apenas em pele e ossos, jamais em pensamento e paixões. Icaros que não acrediam nas próprias asas, vejo hoje em tristes revolucionários profissionais, perdidos em penas derretidas, tristes e algemados por suas necessidades cotidianas. Bom que ainda posso (podemos) voar e sonhar!
Voa, amigo querido, e nunca entrega teus sonhos para os homens sem fantasias!

Frida Kalo, à revolução!


"Nasci com a revolução", ela disse. Com novos e promissores atores, boa trilha sonora, excelente argumento, a peça Frida estará no Teatro Túlio Piva, na República passando a Patrocínio hoje e na próxima quarta, 21 horas. Melhor: É só pegar a senha, a partir das 19 horas, já que a peça faz parte do projeto Caras Novas (ou novas caras, dêem desconto...) Com pesquisa e atuação de Juçara Gaspar, Direção Daniel Colin e cenários de Lara Colleti, entre outras boas presenças. Imperdível.