quarta-feira, 28 de abril de 2010

Alca outra vez


Quem achou que a ameaça estava superada, prepare-se: A proposta de livre comércio retorna no plano de governo tucano.
Ao caracterizar Mercosul como uma "farsa" e defender a "flexibilização" do bloco, o ex-governador José Serra repete discurso usado na campanha de Geraldo Alckmin em 2006. Menor peso para o Mercosul e retomada das negociações para uma Área de Livre Comércio nas Américas fazem parte da agenda política do PSDB. Senador tucano chegou a prever que "ALCA sairia com ou sem o Brasil". E o governador mineiro Aécio Neves enviou carta ao presidente Lula, em 2003, propondo que Belo Horizonte fosse a sede da ALCA.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Como distorcer uma declaração

Brincadeira, não dá para dizer que é. Mas eu assisti e ouvi. Manchete:
Ministro temporão recomenda sexo para tratamento da hipertensão!!!!!
Declaração do ministro: "As pessoas devem controlar sua hipertensão modificando velhos hábitos, adotando dieta saudável, exercícios, fazendo sexo com segurança..."
Mas para a moral vitoriana  do Jornal da Globo, o que o ministro falou de importante foi "fazer sexo".
Claro que fracionaram a frase, deixando prá lá o com segurança.
Não dava mesmo para esperar coisa diferente.



sábado, 24 de abril de 2010

Miss??? Não Acredito!!!

Zipaz a TV pode trazer cada coisa... Descobri, sábado à noite, que ainda existem concursos de misses. Transmitidos pela TV. Parei para ver.
Com direito a prêmio ( Salvador, capital da Bahia, com acompanhante e de avião). Passeio pelo Marco Zero de São Paulo, e a exclamação subsequente: "Adorei conhecer este ponto histórico  da capital do meu estado". Maratona no salão de beleza, visita ao museu.
Lembrei de uma miss, gaúcha, que para concorrer fez dezenove cirurgias plásticas. Isto foi delatado por um dos promoters do concurso por aqui, após um desentendimento com a candidata.
As moças foram acompanhadas, durante a semana, por três jurados, incluindo uma professora de "boas maneiras". Não contei quantas eram as candidatas, mas certamente passavam de quarenta. Entre elas duas negras, claras, com traços caucasianos e cabelos alisados.
Todas desfilaram seus corpos de medidas praticamente iguais para uma junta que diagnosticava: "Muito cheinha, sem porte, porte adequado, talvez cortando o cabelo..." Uma senhora com a boca característica de quem fez aplicações recentes de botox, aquela boca que fala sem se mexer, disse alguma coisa sobre a dificuldade de escolher entre tantas beldades.
Só aguentei até a seleção das vinte, que depois serão reduzidas a doze, depois cinco, depois três. Com direito a rede de auditoria.
Lembrei das feministas da década de 60 e desejei que alguma delas surgisse na platéia e bradasse contra o anacronismo do concurso, a falta de respeito destas mulheres consigo próprias. Obviamente, isto não aconteceu.
Desliguei a TV para não dar audiência. Último olhar, reparei que as já selecionadas riam com o sorriso plastificado e insosso de quem não está nem aí para a própria dignidade.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A venda da Tampa do Morro Santa Teresa

Não faz tanto tempo assim, só uns 18 ou 17 anos, nos idos tempos em que eu trabalhava num instituto hoje administrado por uma OSCIP. Este instituto, chamado Centro Infanto-juvenil Zona   Sul fazia o trabalho preventivo: Cursos, turno inverso, esporte. A má interpretação do ECA e a falta de vontade política do atual governo repassou este centro e dispersou os trabalhadores.
Mas o que interessa dizer aqui é que lá havia um instrutor chamado Heráclito, que montou e coordenava um grupo de....escoteiros.
Algumas vezes eu, este instrutor e cerca de 50 crianças atravessamos o morro, da Cruzeiro à padre Cacique, isto quando ainda havia uma maravilhosa padaria-escola, que abastecia de pão todas as casas da FEBEM de Porto Alegre e formava padeiros e confeiteiros. Levávamos cerca de duas horas, e a travessia era, para as crianças, uma aventura.
Ou seja, conheci ao vivo a tampa do morro que está para ser entregue, a preço simbólico, para a iniciativa privada.
Aprendi a não comentar o que não posso provar. Portanto, não me estenderei em possíveis benefícios e beneficiários. Nem falarei demais sobre os cerca de 12 mil moradores que, não fosse a intervenção do movimento recentemente organizado, seriam simplesmente despejados , dizem. Nem sobre o bioma único que desaparecerá. Mas posso imaginar o bairro que surgirá nos 73 hectares, com nichos de mata nativa, a minutos do centro da cidade, a melhor vista da cidade. Perfeito.
Penso no Rio de Janeiro: Não são só barracos que caem. Penso no bairro luxuoso que pode ser instalado na tampa do morro: Terá até áreas verdes para deleite de quem tiver muita grana  para comprar. Penso
Que pobres e infratores não são de bom-tom no caminho da Copa do Mundo. Que, melada a negociata do Pontal do Estaleiro, alguma outra área nobre deveria ser sacrificada para deleite de nossa incipiente burguesia.
E penso naqueles meninos que subiam o morro toda a semana para catar os lixos deixados e cuidar das estreitas nascentes de água do morro.
E concluo que somos pacatos e dóceis demais com os abusos deste desgoverno que, felizmente, finda.
Felizmente.

sábado, 17 de abril de 2010

Madeira de dar em doido

Marcada a data da Conferência Estadual de Saúde Mental, preparatória à IV Conferência Nacional de Saúde Mental. Aqui no estado será 20,21,22 de maio. Importantíssimo, fundamental tratar esta séria questão.
O sofrimento mental não pode mais ser tratada como caso de polícia, de forma preconceituosa ou chacota. Afinal, não faz muito tempo em que portadores de sofrimento mental eram queimados em fogueiras pela suposta possessão diabólica ou encarcerados nas prisões junto com infratores. Mesmo com o surgimento dos manicômios, a tortura, a contenção química, os maus-tratos constantes penalizaram os já penalizados pela falta de saúde. 
Para entender a dor e a crueldade da situação é só lembrar da origem de duas expressões: Doido de atar em poste, e madeira de dar em louco. 
Só estas duas já bastam.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Em Tempo: Brasil discutirá sua política antidrogas

Já não sem tempo o Congresso brasileiro discutirá sua política antidrogas. Com resquícios ditatoriais, a legislação brasileira desconhece a realidade, criminalizando usuários de drogas leves como a maconha enquanto drogas como álcool, moderadores de apetite, tranquilizantes, antidepressivos, tabaco e outros produtos laboratoriais ou empresariais são tolerados com pequenas restrições de uso. Agora dois deputados federais gaúchos viajarão para conhecer, nos países europeus, a política empregada por eles relativa ao assunto.
Uma coisa são as chamadas drogas chamadas duras (cocaína, crack). Outra, a maconha. E outra ainda são políticas altamente repressivas, que mais aguçam a curiosidade do que previnem o uso.
A descriminalização do uso da maconha já seria um passo importantíssimo. Mas aí fica a dúvida: Descriminalizar, sem legalizar, implica em sansões sóa quem vende, não a quem usa. Mas quem usa compra de quem?
Por isto defendo a legalização da maconha. Com todos os impostos, que poderiam ser usados para programas de saúde mental (que não existem hoje) no Brasil, com regras (como existem para as drogas lícitas), com locais, idades e situações controladas.
Os E.U.A., com seu discurso altamente moralista em relação à drogas foi quem, primeiro no mundo, tornou crime o ato de fumar maconha. Isto foi pela década de 20 do século passado, durante a lei seca. Que, aliás, só serviu para fomentar a criminalidade e o crime organizado por lá. Hoje os estadunidenses são os maiores consumidores de drogas legais e ilegais no mundo: Dois terços de tudo o que é produzido é consumido por lá. 
A quem interessa a manutenção da criminalização da maconha hoje? Aos moralistas de plantão, e principalmente a quem lucra com sua comercialização ilegal. E olha que não é apenas o pequeno vapor de esquinas não. Fossem eles, não seria tão forte a pressão pela não-legalização.


terça-feira, 13 de abril de 2010

Mesmo assunto, duas explicações

O artigo de Luís Carlos Lopes ajuda a entender os motivos das "catástrofes" que agora aparecem no Rio e São Paulo. Só que no Rio, diz a mídia, é descaso do governo. E em São Paulo, ainda segundo a mesma mídia, são problemas climatológicos.
Mas existem outras razões para entendermos as catástrofes. Abaixo, parte do artigo da Carta Maior.
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4593&boletim_id=672&componente_id=11223

O modelo da urbe fluminense é o da exclusão. Os melhores terrenos urbanos foram loteados e adquiridos para o uso das classes ricas e médias. Para os pobres, sem os quais não haveria qualquer desenvolvimento, restaram os morros, as várzeas alagáveis, as periferias de baixo valor imobiliário, isto é, as sobras do dito desenvolvimento urbano. O nome ‘baixada’ não só indica pontos e coordenadas geográficas, fala também de regiões de menor valor, igualmente usadas pelos pobres para morar nas chamadas cidades dormitórios. O baixo custo destas terras relaciona-se diretamente à possibilidade de alagamentos por estarem, não raro, abaixo do nível do mar. Normalmente, estes terrenos foram grilados, loteados e, em muitos casos, ocupados pela força da miséria. Em suma, seus habitantes ficaram com o que sobrou da grande especulação imobiliária que assaltou as terras do Rio, de Niterói e da chamada Região dos Lagos e de outros municípios fluminenses, desde meados do século passado. O mesmo modelo vem se repetindo, com adaptações, nas grandes, médias e pequenas cidades do país.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

As mulheres das propagandas da cerveja.

As mulheres das propagandas da cerveja.

Não era fã da cerveja em questão. Como boa bairrista, elegi como preferida a cerveja produzida no RS. Mas até assistir a propaganda desta cerveja na TV tomei uma decisão: Não pedirei mais esta e outras marcas que, descaradamente, nos tratam como parte da fórmula da bebida, destinadas a serem sorvidas em copos gelados por homens sempre animados e que se acham gostosos.
Mulheres são responsáveis pelo consumo de muita da cerveja produzida. Hoje somos cerca de 40% dos postos de trabalho do país, embora isto não corresponda a renda ou salários. Mas certamente, mesmo com menor poder aquisitivo, com o aumento do consumo de bebidas alcoólicas por parte de mulheres, consumimos boa parte da cerve3ja do país. Mesmo quem não consome. Vez que outra compra para alguma atividade coletiva. Falamos e escolhemos cerveja.
Então sugiro ao mulherio e aos homens conscientes que boicotemos as marcas com comerciais mais apelativos. Como mulheres dentro de copos, mulheres que barganham com o cartão de crédito do parceiro, como se não possuíssem renda própria, como a que nos mostra o devaneio de homens, que adorariam ver as mulheres totalmente abestalhadas, enxergando virtudes em homens completamente boçais.
Mulheres que são, tanto quanto a cerveja, boas (de sensuais), disponíveis, que dão a entender a promessa de muita diversão.
Existem propagandas nem tão agressivas, outras com outros temas.
Será que um boicote com as marcas machistas, que faria diminuir o consumo, não daria o que pensar? Porque o capital pensa com o lucro.
Respeito, para quem produz estes materiais, é algo que não existe.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Vítimas Duas

Encontrei hoje, por volta das 22h, um menino lindo. Nome Gabriel, idade tipo dois anos. Tudo certo, não o tivesse encontrado em um bar, tossindo, ao lado de uma mãe afogando mágoas.
Meu amigo simpatizou com esta mãe, penalizado com as mazelas domésticas relatadas.
Meu amigo discorda, mas pareceu-me mais uma usuária de crack, sem saber como lidar com sua dependência quanto mais com uma criança não programada, um marido violento. Falta de perspectivas.
Mais do que ser penalizada por colocar em risco uma criança, esta mãe deveria ser merecedora de tratamento capaz de lhe atenuar o sofrimento mental. Sem conceitos nem preconceitos.
Vítimas duas. Mãe e criança.