domingo, 30 de agosto de 2009

Assisti e recomendo:Elizabeth, a Era de Ouro


Ato delicado este de recomendar filmes. Primeiro, cada qual com seu gosto, com suas preferências, coisa construída por lembranças, trajetória, aprendizado. Segundo, sucessos de crítica podem ser porres de vinho quente, e sucessos de público nem se fala.
Mas assisti e me impressionei com a qualidade, a trama, o desempenho de Cate Blanchett,o figurino, o cenário, e principalmente o sentimento de fanatismo religioso que o filme transmite. O olhar de loucura de Filipe II, a inquisição, a fúria que tanto condeno do ocidentalismo cristão e as vítimas feitas por sua insanidade.
Quem não assistiu, assista. Valiosa vacina em tempos de renascimento fundamentalista.

sábado, 29 de agosto de 2009

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O agosto dos celtas


Pois tanto ouvi Ian e sua música mágica que fui bsucar informações sobre os celtas e seus maravilhosos cultos pagãos. Os celtas, suas Deusas, sua Brighid que de tão popular virou Santa Brígida...
Agosto é o mês da Lua da Tempestade que descreve o movimento das águas geladas. Lua dedicada à Deusa Brighid, e ao equilíbrio entre a luz e as sombras. Em gaélico este mês chama-se Lúnasa, dedicado ao Deus Lugh e marca o início das colheitas no Hemisfério Norte.É o tempo de despertar as sementes da promessa, a esperança que se renova com a chegada da primavera.
http://www.templodeavalon.com/modules/smartsection/item.php?itemid=12

Mais Jethro Tull


Mais: Jethro tem um aroma deliciosamente pagão. Gosto pagão.
Aí está.

Jethro Tull



Jethro Tull é daquelas bandas inconfundíveis, únicas. Nada se parece, nada traz a mesma sensação de idade média, catedrais góticas, fog londrino, de coisas que eu nunca vivi mas que tenho que certeza que são exatamente como o que se sente ao ouvir a voz e a flauta de Ian Anderson. A musicalidade da Jethro incorpora elementos do rock, da musica religiosa celta, de Bach e da música sacra medieval. A banda surge entre 67 e 68 na cidade inglesa de Blackpool.
A primeira vez que ouvi Thick as a Brick, por volta de 1975, foi hipnose: passei semanas com a melodia na cabeça. Hoje ouvi de novo. Me sinto comendo maçãs celtas outra vez.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Valeu, Porto Alegre!!! Valeu, Ju!!!


Contribuição da Jussara Cony pro meu Brogue, em comemoração ao NÃO
que Porto Alegre deu prá privarização do por-do-sol!!!

Poeta, desperta!

A Quintana, nos 100 anos do seu chegar.

Amanhecer na Porto Alegre
das ruas em que ele não andou
mas, para sempre, deixou
a saudade no caminho...
e os que precisam ver
para crer: que, eles, passarão...
Ele, passarinho!
Entardecer na Porto Alegre
onde há gorjeios, ainda,
na busca infinda
daquele caminhante
num por do sol delirante...
Anoitecer na Porto Alegre
dos silêncios, dos olhares, da reflexão,
dos sorrisos vagos da solidão...
Um poeta
sonhando,
dos preconceitos zombando.
Um poeta
dos sem amor e dos amantes,
das linhas certas e das errantes...
Amanhecer em Porto Alegre,
entardecer em Porto Alegre,
anoitecer em Porto Alegre..
E tu dormes, poeta!
Sem ti, pássaro de asas leves,
é mais desafiador.
Não pela dor,
porque, essa, faz parte...
Mas pela poesia,
a imagem,
a doce linguagem,
até quando ferina!
Do teu novo e inatingível mundo
foge, por favor, poeta
e anda por Porto Alegre,
dos becos, das praças, inquieta....
Nas suas manhãs, tardes e noites
lânguidas, quentes ou frias como açoites
onde até o Minuano enfraqueceu
e o amor... ah, o amor...
se escafedeu...
É, poeta,
a coisa, por aqui, esmoreceu...
Poeta,
assim como Porto Alegre, te inquieta,
vem andar naquelas ruas
que não desistiram de esperar
por ti e por teus passos..
Teus passos...
Andarilhos nos amanheceres...
Sedentos nos entardeceres...
Amantes incansáveis nos anoiteceres...
Com teus Quintanares, poeta,
por ti, por nós,
desperta!!!
Jussara Cony

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um dia de cada jeito



Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. E somos só a mesma pessoa, matando algumas coisas e parindo outras dentro e fora de nós. É só uma questão de escolha entre morrer ou parir, e o que.

Gracias, Hermanos!

Recebi um post dos hermanos do blog QV4 Radio, de Buenos Aires, Argentina. não sei como eles foram parar no Regina, Regina!, mas gostaram do bicho. E Eu adorei o blog deles. Fica o registro, visitem: http://qvale4.blogspot.com/

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Domingo vote NÃO


Quando os mercenários cristãos ocidentais chegaram por aqui e decidiram que terra, este bem de todos, deveria ser dividido entre poucos para que muitos trabalhassem a vida toda pensando em poder tê-lo. O povo nativo não entendeu porra nenhuma, nem gostou nada, tanto que até hoje tem gente brigando pela terra para trabalhar e outros para guardar e especular. Mas vai daí que inventaram leis, trouxeram alfarrábios, citaram romanos, hamurábis e catataus. Aos poucos, foram comprando e vendendo tudo.Pior, convencendo quem não tem que é assim mesmo, ou que deus quer assim, ou que quem é mais esperto, mais bonito ou mais não-sei-quê merece mesmo ter mais.Ou deixar para seus filhos, que depois podem virar parasitas, e não precisam trabalhar. A ponto de ter bolsinha de mulher hoje em dia custando 20 mil dólares, sapato de homem, 30 mil, anel de dondoca custando tanto que nem faço conta. Água, já se paga.Ensino, se paga, saúde, se paga. Morro, o que sobrou tá tudo despencando de tão construído. Área verde, ou é reserva, e nem se pode aproveitar, ou é condomínio de luxo.
Agora chegou a vez de privatizar o por do sol do Guaíba. Prá quem acha que votar é compactuar, desculpa, respeito a posição, mas penso que omissão não ajuda muito neste tipo de caso. Respeitosamente peço que reveja a posição e vote NÃO.
Para quem se diz progressista e acha que sim, tem que construir espigões na pouca orla restante, pergunto: Filho, filha, tens dinheiro para comprar uma cobertura lá? Ah, tens? Então troca de lado, meu bem, vai defender teus interesses de classe.Ou será socialismo lotar o estado de eucaliptos e depois entregar a orla pra burguês morar? Pode ser, se trocou de nome. Já vi e vivi este filme antes. O que não dá mesmo é ver quem não vai poder nem poder pisar na portaria dos prédios de luxo defender o patrimônio dos outros.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Briga de cachorro grande

Nesta briga entre herdeiros da inquisição e filhotes da ditadura, um com a bíblica que dizem escrita por deus outro com a lei de imprensa disfarçada(leia-se Record versus Globo) quem vencerá? Fogueiras ou porões?

Vento e Lua


As árvores da vizinhança
Não balançam,
Não há ventos,
Os ventos dormem
Embalados pela lua
Que no céu desta semana
Míngua para renascer mais bela
Nos próximos dias
Quando trará de volta
As marés e os ventos.
Imagem: http://www.blogger.com/img/blank.gif

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Fim de Noite


Sorridentes, etéreos,
algo decadentes,
Somos dois pontinhos
perdidos no azul escuro
destas grandes avenidas
que nunca nos levam para casa.
Sobram bares nesta cidade.

Pink Floyd e seus complementos


Saudade de ouvir Pink Floyd. Mas não é só ouvir Pink Floyd. Tem lugar, parceria, clima, hora e acompanhamentos para ouvir Pink. Se não, perde um pouco do encanto. Bem, até mesmo sem nada disto, Pink é Pink, e com algumas exceções, o resto é música para sala de espera. Mas nada se compara ao bom e velho Pink dos bons tempos. Ou nada se compara aos bons tempos?

Sonhos


Seriam eles reportagens,
gestadas por nossos medos,
com travas de segurança,
impassíveis de gravação?

domingo, 16 de agosto de 2009

MigaMari

MigaMari daquelas que merece o mundo
MigaMari daquelas de quem já roubaram o mundo.
MigaMari de quem ninguém vai roubar mais nada,
Não porque não tenha mais o que ser roubado.
É que não vai mais fazer falta.
MigaMari aprendeu a viver com o que tem
e bem melhor.
Saudações, MigaMari.
Sei que aprendeste alguma coisa comigo.
Mas quando eu terminar de crescer,
vou ficar igualzinha a ti.

O bom estar comigo.


Obviamente tudo é relativo. Mas tenho para mim que quem não entende a importância e o valor do estar só, quem não aproveita e se deleita com a solitude completa, jamais se deliciará com o sabor dos raros momentos de delicados acompanhantes por opção.
Quem não dá valor ao silêncio não valoriza a boa música; ao contrário de quem tem fome, que qualquer alimento sacia. Os sentidos são diversos. O gosto é diverso. Carência não combina com afinidade. A solitude é preciosa, precisa e libertária. E necessária.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Mariângela


Uma menina com olhinhos de estrela,
alma-tarde feriado de verão
e sorriso de nuvem.

Amigairmã de todas as horas
para todos os pesadelos
em todos os sonhos.

Corramos, amiga,
das feias, dos botos, dos lobos
dos maus e de nós.
Corramos para nós enquanto ainda é tempo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O que é ser bruxa?


Afinal, de onde saíram as bruxas?
Mesmo quando os romanos decidiram que Deus era barbudo, morava no céu, tinha feito um filho com Maria de um jeito que ninguém conseguia fazer, os pagãos, teimosos que eram, torciam o nariz para estas coisas que não entendiam muito bem. Até porque, naqueles tempos, pagão era só quem morava no campo, e não quem tinha pactos maléficos ou vivia de invocações e feitiços. Na verdade, a maior heresia dos pagãos era creditar a existência do mundo a uma Deusa-mãe.
Aí era demais. Pior: Faziam festa por tudo: O festival de Samhain, que cultuava os mortos, era muito popular. A saída foi absorvê-lo e transformar a data no triste dia de finados. A festa de solstício do inverno, comemorativa do nascimento do Deus Sol, passou a ser o Natal. Muitas igrejas foram erguidas nos locais dos antigos templos pagãos.
A liberalidade do paganismo não podia continuar. Então, em 1484, Papa Inocêncio VIII teve uma idéia genial: A Bula contra os Bruxos. Depois, a Santa Inquisição, com poderes de investigar, prender, torturar e executar suspeitos de bruxarias ganhou reforço com a publicação do livro Malleus Malleficarum ('Martelo dos Feiticeiros'), de Kramer e Sprenger, 1486. Destinado a identificar bruxos e bruxas, uma das principais conclusões do livro era: “Quando uma mulher pensa sozinha, pensa em malefícios".
A idéia de bruxas e seus caldeirões, ervas e poções mágicas está diretamente associada ao conhecimento da natureza e da saúde que as mulheres desenvolveram durante as cruzadas, quando os homens foram à guerra e foram elas que tiveram que dar conta de tarefas antes determinadas masculinas. Quando os homens retornam e desejam retomar seus postos de trabalho, quaisquer sinais de rebeldia poderiam significar aproximação com o Demônio. Aliás, qualquer outra transgressão da ordem moral sexual estabelecida também era merecedora da fogueira, de sorte que os homossexuais, tanto quanto as mulheres “transgressoras” formaram a maior parte das vítimas do Tribunal da Santa Inquisição.
Mal sabiam eles que quanto mais se reprime algo, mais este algo se adapta e cresce. Pois não é que, seiscentos anos depois, bruxos e bruxas andam por aí, o paganismo reaparece de outra maneira, que seja a idéia de respeito à natureza e a uma vida mais saudável, e nós, mulheres entendemos aos poucos nossa condição no mundo? Ah, se a igreja daquele tempo soubesse...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Prozac, Fluoxetina ou similar, por favor!


- Ah, doutor, não me venha com mais Lexotan. Esta bosta me dá sono, e eu tenho que acordar cedo. Eu queria mesmo um remédio que me deixasse alegre, entende? Quem disse que eu quero acalmar? Tanta coisa prá fazer, tanta coisa prá notar... Filho prá criar, marido prá aguentar... E tem que fazer que tá gostando daquilo que até já prestou... Pior, como demorado de uns tempos prá cá...
Mas é assim mesmo. Ruim com marido, pior sem marido.
Tenho certeza sim. Não, nem ouvir falar em terapia, isto é coisa prá quem não tem o que fazer. É só uma fase, vai passar.Meu marido me conheceu alegre, de bem com a vida, e é assim que ele me quer. O problema sou eu, doutor, com estes meus xiliques... Tá bem, doutor, tomara que este outro remédio seja melhor.
- Nossa, doutor, como estes três meses passaram rápido! Tô bem melhor, sim! Parei de chorar, tô gostando de tudo, emagreci...
Este roxinho atrás dos óculos? Ah, o marido que não entendeu porque, de uns tempos prá cá tenho achado tudo tão sem problema e cismou com besteira... foi nada! Passou... Coisa de casal...
Mas não deixa de me dar outra receita, doutor, este remedinho mudou a minha vida!!!

Foto do site http://truemind17.wordpress.com/2009/02/10/violencia-domestica/

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Aulas Adiadas


Não bastasse a gripe criada,
A falta de aulas,
Mais tempo em casa,
Mais chuvas na casa.
O que não tem jeito mesmo
É a falta de merenda.
Mas isto,
Nem todo professor
Entende.

domingo, 9 de agosto de 2009

Zod II

Dissonantes prá mim são teus medos
Desta dor muito pouco eles sabem
ao destino, toma logo este bonde
Sai de mim, desatino, olha o rumo
Segue os traços que rasgam as certezas
Negue tudo o que sabes sobre o mal

Sorridentes flores amarelas? sei...


Um dos poemas mais bonitos que eu penso ter escrito foi por 82. Estava completamente apaixonada, naquelas situações em que tudo sorri: Campanha eleitoral, cursava FAMECOS, tinha saído à noite para fazer minha primeira colagem, aprendido que misturar polvilho com água e soda cáustica faz cola. Meio que perdida por um lugar que mais tarde ficou muito conhecido para mim, mas naquele momento era totalmente desconhecido, no extremo sul de Porto Alegre. O candidato esteve conosco a noite toda, colando junto e carregando o material, já que o único veículo disponível era... uma bicicleta. Que ficava controlando a Brigada Militar. Enquanto colávamos, falávamos baixinho. De Marx, Lênin... Coisas meio misteriosas, ainda nos anos oitenta. Bueno, lá pelas quatro da manhã, acabaram-se os cartazes (feitos de jornal e telas de serigrafias), a cola e o cansaço bateu.
Dormimos todos na casa do candidato, eu e o namorado ainda com o privilégio do sofá da sala. Um setembro de pouco calor e raras cobertas, que nem fizeram falta, e no outro dia aquele cheiro de café passado, pão de meio-quilo com chimia de abóbora. Fogão de lenha, coisa de sul. Sorriso largo e muitas, mas muitas flores amarelas por todos os terrenos baldios e raras calçadas da vila popular. Sorridentes flores amarelas, sorridente ano de 82, um dia posso achar e postar o poema. Até acho que sei onde está. Mas não se faz mais cola como antigamente. De mais a mais, o terreno onde ficavam as casas, as paredes, as flores e o resto virou um grande loteamento, e as flores amarelas, nativas que são, perderam lugar para alguma espécie exótica que certamente vai adornar os condomínios milionários que hoje são a febre de nossa zona zul.

sábado, 8 de agosto de 2009

Três

Lobos uivam.
Cordeiros amontoam-se.
Do céu. a lua minguante observa.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Agosto

O que há com agosto?
primeiro, em 6, Hiroxima.
depois, em 9, Nagasaki.
Depois, fico sabendo que em 5, Marilyn.
Certo que acontecem coisas assim
todos os meses,
todos.
Mas começo a crer em certos
cães loucos soltos
pelas noites frias
com luares falsos,
em gemidos imprecisos
e ventos gélidos
vindos de polos não dimensionados
que somente agosto acolhe.

domingo, 2 de agosto de 2009

Do jeito de escrever.

E aí vem aquela coisa que nem é tristeza nem é angústia nem e raiva nem nada. É bem isto, é nada.
É arrastar aquela saudade de ter algo que nunca se teve. Alma, por exemplo. Daí eu lembro que nunca precisei de alma para escrever, e então escrevo, e as palavras se amontoam na minha frente, elas se despedaçam pelos meus dedos e por meus olhos, elas brigam como peixeiros em busca do melhor lugar para sua venda ou sementes enlouquecidas por sol para germinar. As palavras me obrigam a vomitá-las sem piedade, arrancam nacos de carne de minha garganta, e só sossegam quando já estão todas ali. Depois é só trocar um acento cá, ou uma vírgula esquecida. As vezes, não entendo por que no meio do texto o final já está gritando, e o início quer ser recomeçado. é uma confusão. tudo embolado. Só as vírgulas, os pontos e alguma letra que se perdeu.
É quando então as palavras todas, as frases, os parágrafos, o texto inteiro me olha como fosse quase uma colegial arteira, mas nada parecida com o bicho deseducado que me tira do sério sem o menor constrangimento; que não fica quieto, que não obedece por nada. É assim que eu escrevo. Tem quem chame a isto de processo criador.Eu chamo de loucura criativa.

Arembepe. Me espera?


Será que ainda é igual?
Falta a especulação imobiliária
ter tomado conta dos corações
e mentes hipongos da velha vila...
Entram os euros, vão-se os sonhos...
Mas que foi muito, ah, isto foi...

Eu de novo



De precisão completa,
só mesmo a de organizar
o que nunca teve ordem.
Talvez esta não seja eu.
Nem estes os meus dias.
Talvez queira de volta
minha alegria.
Desta coisa de sanidade,
distância.
De certo mesmo, sei que quero,
e muito,
eu mesma de volta.