sábado, 2 de janeiro de 2016

O Rio Grande que é a cara do governador.

Pois os últimos dias e fatos me consomem a mente em desejos nada dignos depois das últimas vitórias deste governo espúrio. Veja bem, nem mesmo Yeda, a mais neo das neoliberais conseguiu torrar as sobras de Brito. De Brito? Vamos para a historia: Nosso Estado nem sempre foi nosso. Desde antes de os europeus invadirem para saquear a Terra Brasilis, da imaginária linha de Tordesilhas para oeste, nada era luso. Nem nós. O Rio Grande foi e voltou, passou pelos espanhóis, holandeses, teve lá seus piratas, teve franceses gulosos pelas bandas da cidade mais antiga do Estado (não, povo, não é Viamão, é Rio Grande, fundada com um forte que era uma cadeia, um cabaré e, claro, uma igreja). Teve Jesuíta moralista querendo vestir as vergonhas de índios nus, que morriam desidratados ou serviram de carne fresca para enriquecer traficantes paulistas. Teve a primeira fase das fortificações, a segunda, e as duas só ferraram o povo daqui. Teve, sim, escravidão e sinhôzinho aprendendo como o povo africano, que sabia carnear, charquear, trabalhar o couro e enriquecer branco. Teve revolução burguesa cantada até hoje em prosa e verso, que na verdade nunca foi emancipacionista por ideologia, mas sim por discordância de alíquotas de imposto. Teve escravo que acreditou que lutou por liberdade, mas lutou mesmo para morrer barganhado com o império, primeiro em Porongos, depois no Paraguai. Teve revolução que de revolução só teve nome, porque bandos armados, saqueando, estuprando, roubando, matando e seguindo a vagar pelo território tem outro nome: Vandalismo. E farta produção de ditadores, caudilhos, torturadores e subservientes. Há, descobri!!! Por isto o Sartorão estufava o peito para dizer: O Rio Grande é o Meu Partido. Era deste Rio Grande que ele falava. Certo que o Rio Grande partido dele não é o Rio Grande dos imigrantes, dos trabalhadores, de quem construiu e ainda constrói o pouco que resta. Não é o Rio Grande de homens e mulheres que catam força dos sonhos para dar conta de ensinar, a cada quatro anos, como se presta um razoável serviço público, por vezes um ótimo serviço público, sem o mínimo de equipamentos sociais necessários. Não é o Rio grande que produziu resistência. Que criou condições com o quase nada que teve e neste caldeirão de impossibilidades forjou uma esquerda que se entendeu diferenciada porque por um bom tempo fez mesmo diferente. E quando se sentiu diferente, se tornou tão hegemonista que passou a se crer imbatível, única e contemporânea, e perdeu o o que a diferenciava do resto: Subiu no salto, e se acreditou a única responsável por tudo de bom, esquecendo e menosprezando todos os míseros aliados que lhe deram suporte. Esta esquerda tão empinada que desconsidera 1922, qa resistência à ditadura, e que ensina com orgulho: O movimento operário nasceu mesmo no início dos anos 80. Mas que, por ironia do destino, luta hoje desesperadamente para garantir o que até ontem denunciava como manobras de um ditador para frear o avanço do operariado, as tais migalhas que a mãe dos ricos deixou escapar na CLT. E agora, depois de um funcionalismo que elegeu seu carrasco porque o governo anterior não era simpático (não era mesmo, governo tem que ser é competente, não simpático), depois que dois dos melhores governos federais que o Brasil teve (porque são, indubitavelmente os melhores, mas não únicos), a direita se aproveita da timidez desta esquerda que podia ter avançado nas reformas mas não avançou, se junta (a direita moralista) com esta esquerdália incoerente e - Horror! A pobre classe média tem que conviver com atrocidades. Lá está a filha da empregada estudando pelo proUNI, a manicure comprando casa com subsídios, o aspirante a burguês, que subiu de pobre para classe média sente-se traído e lá se vai, engrossando o coro do antipetismo, se ferrando com a economia mais estagnada do Brasil, a do RS, e urrando contra a corrupção, ninguém aguenta mais tanta corrução, desde que não precise pagar água e tenha gato na luz. Eta políticos corruptos, estes, que não arrumam uma "boquinha" para o filho de sei eu lá quem, nem conseguem apagar multa no DETRAN. Pois foi estes cidadãos corretos e honestos os eleitores desta corja que vai conseguir acabar não só com o que Britto deixou: Vai conseguir vender até mesmo o que sobrou dos bandeirantes escravagistas de são Paulo, que por lá, em terras neoliberais, tem suas estátuas de heróis e que aqui ainda choram a impossibilidade do separatismo a cada vinte de setembro. Este é o partido do governo. E segue o baile, que daqui a pouco tem mais maldades para planejar nas feijoadas para onde helicópteros da saúde conduzem o governo, ou o genial Jardel se inspira, e bota inspirar nisto, e descobre mais alguma coisa para vender.

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