quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pedofilia na Internet: Denuncie!

Ontem à noite, ao abrir minha página do Facebook encontrei uma postagem denunciando um site que estaria divulgando pedofilia. Resolvi conferir, e encontrei textos grosseiros (machistas, racistas, homofóbicos). E fotos de uma  garotinha de seus nove, dez anos, em poses pornográficas.
As imagens da menina são nauseantes. Os textos, repugnantes. Procedi à denuncia, ligando para o número 100, e, conforme orientação, encaminhando o site para www.prrs.mpf.gov.br e http://www.safernet.org.br/site/.
Para minha surpresa, o site continua na rede. Está hospedado em um provedor fora do Brasil, e por isto não consegue ser alcançado pela Polícia Federal.
A exploração sexual infantil é causa de inúmeros problemas, que variam de dificuldades  aprendizado, baixa auto-estima, incapacidade de relacionamentos sociais e afetivos e responsável por  suicídios e tentativas em crianças e adolescentes. Provoca transtornos de personalidade e conduta, e se não tratado, pode provocar na vítima a tendência em transformar-se, por sua vez, em abusador.
O trabalho de recuperação de uma criança abusada é lento, difícil, complicado. Meus anos de trabalho na Fundação, convivendo ora com abusadores, ora com vítimas, confirma os fatos que listei acima. Mas não falo somente por experiência pessoal, falo pelo que aprendi e pesquisei. 
Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes acontecem em todas as classes sociais, com a diferença de serem mais noticiados e denunciados nas classes populares. Meninos e meninas, adolescentes dos dois sexos, são usados e explorados. Na maioria das vezes por  homens, mas também por mulheres.  Desde crianças que são vendidas em via pública, até os leilões de virgindade, tristemente comuns em prostíbulos da cidade e do interior, em locais sem nenhum luxo ou sofisticados. 
Até aqui não falo nada de novo. 
Então fui atrás de outros sites. Descobri que, infelizmente são muitos. E que estão disponíveis na rede como qualquer outros assunto. Que trazem, além de fotos odiosas, explicações e justificativas.
Pedófilos argumentam que, não faz muto tempo, nossas avós casavam-se aos doze, quatorze anos, e que portanto, somos todos descendentes de outros pedófilos. Que nas sociedades antigas, sexo com crianças e adolescentes era habitual. Que no Brasil colônia eram comuns os Manezinhos, meninos negros dados aos filhos dos senhores (e sempre menores do que estes) para iniciação sexual de seus filhos homens, entre outras crueldades. E que - argumento mais revoltante ainda - doentes, na verdade são as feministas, os "de esquerda", gays e lésbicas. Lendo postagens destes sites fica fácil traçar um perfil rudimentar: Encontrei perfis masculinos, notadamente de extrema-direita, alguns declaradamente nazistas. Pela linguagem, pessoas com boa instrução escolar. Poder aquisitivo? Em análise superficial, em princípio, de médio a alto.
Entre os seguidores destes sites, encontrei mulheres, e quase todos os perfis, provavelmente fakes (perfis falsos), a maioria sem fotos e com apelidos.
Como a Polícia Federal faz para encontrar estas pessoas, não sei. O que fazer com estes criminosos, além das pequenas penas previstas em lei, talvez aumentar as penas, e acrescentar tratamento médico e psicológico. 
Como fazer mais, além de buscar e denunciar esta infeliz prática, além de procurar e denunciar, posso sugerir: Cuidado maior com nossos e outros filhos, dando-lhes, principalmente, educação e valores. E sempre, mas sempre mesmo, que houver qualquer mínima suspeita de abuso, muita atenção, cuidado, pressa e atitude na busca de auxílio para as pequenas vítimas.
A propósito: Se o site hospedado fora do Brasil continua na rede, outros dois denunciados ontem já não estão no ar. Parabéns à Polícia Federal.

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