sexta-feira, 16 de abril de 2010

Em Tempo: Brasil discutirá sua política antidrogas

Já não sem tempo o Congresso brasileiro discutirá sua política antidrogas. Com resquícios ditatoriais, a legislação brasileira desconhece a realidade, criminalizando usuários de drogas leves como a maconha enquanto drogas como álcool, moderadores de apetite, tranquilizantes, antidepressivos, tabaco e outros produtos laboratoriais ou empresariais são tolerados com pequenas restrições de uso. Agora dois deputados federais gaúchos viajarão para conhecer, nos países europeus, a política empregada por eles relativa ao assunto.
Uma coisa são as chamadas drogas chamadas duras (cocaína, crack). Outra, a maconha. E outra ainda são políticas altamente repressivas, que mais aguçam a curiosidade do que previnem o uso.
A descriminalização do uso da maconha já seria um passo importantíssimo. Mas aí fica a dúvida: Descriminalizar, sem legalizar, implica em sansões sóa quem vende, não a quem usa. Mas quem usa compra de quem?
Por isto defendo a legalização da maconha. Com todos os impostos, que poderiam ser usados para programas de saúde mental (que não existem hoje) no Brasil, com regras (como existem para as drogas lícitas), com locais, idades e situações controladas.
Os E.U.A., com seu discurso altamente moralista em relação à drogas foi quem, primeiro no mundo, tornou crime o ato de fumar maconha. Isto foi pela década de 20 do século passado, durante a lei seca. Que, aliás, só serviu para fomentar a criminalidade e o crime organizado por lá. Hoje os estadunidenses são os maiores consumidores de drogas legais e ilegais no mundo: Dois terços de tudo o que é produzido é consumido por lá. 
A quem interessa a manutenção da criminalização da maconha hoje? Aos moralistas de plantão, e principalmente a quem lucra com sua comercialização ilegal. E olha que não é apenas o pequeno vapor de esquinas não. Fossem eles, não seria tão forte a pressão pela não-legalização.


3 comentários:

Miq disse...

Excelente texto, camarada Regina.
E contribui com a politização do debate sobre drogas no Brasil, que atualmente tende a enfocar apenas o aspecto moral da discussão. Eu também considero necessário pensar a questão das drogas do ponto de vista da saúde pública e da violência que a comercialização ilegal de algumas drogas produz, sobretudo nas classes populares.
Este é o principal desafio a ser superado. Então, seguimos debatendo! Beijo.

frei disse...

O debate é para lá de contemporaneo e deve ser alardeado a quatro ventos por todas as pessoas que teem dicernimento sobre a temática.
Até porque a droga não é somente as consideradas drogas ilicitas, mas sim o pensamento de condenação cultural que esta arraigado na cabeça de muita gente considerada esclarecida.
Saudações Socialistas e Tricolores!!!

ALL XXX disse...

Bom artigo, Regina! Aliás, como sempre: temas controversos, opiniões sólidas, escrita concisa. Deveria dar continuidade numa série de artigos e, porque não, algumas "reportagens" (ou algo próximo a isso), afinal é um assunto que evoca liberdades individuais, discriminações e preconceitos arraigados, saúde e segurança pública, educação, etc...vai, pisa fundo!!!