terça-feira, 5 de abril de 2011

Saúde em Porto Alegre: Um inferno em cada emergência

Meu trabalho na abrigagem inclui, eventualmente, acompanhar crianças ou adolescentes para atendimento médico. Há poucos dias acompanhei um menino com febre, dores de cabeça e vômitos a um Pronto Atendimento, o PAM 3, teoricamente um dos melhores do Estado. Chegamos por volta de 14 horas. Numa sala de espera totalmente lotada, os bancos de madeira insuficientes, as poucas cadeiras de rodas servindo como macas, esperamos por cerca de uma hora pela primeira triagem. Temperatura, pressão arterial, dois comprimidos antitérmicos  para uma febre de 39,3, e uma ficha para as 22 horas. 
E se fosse meningite? 
E se fosse uma outra "ite" qualquer, destas que necessitam intervenção imediata?
Muitos argumentos, idas e vindas e alguns gritos depois, consegui atendimento para as 17 horas. Felizmente, era uma amigdalite, daquelas que uma boa Benzetacil resolve.
Mas e as  inúmeras outras crianças febris,  chorosas, mães indo e vindo no sol à pique ou no sereno da noite? Conversei com um idoso, P.A. 170 por 110, repousando numa cadeira no saguão.
Enquanto esperava, perguntava. Atendimento de clínico geral? Duas ou três fichas por dia, distribuídas a partir das 7 da manhã, para quem esteve na fila desde as duas ou três da manhã. Exames, de um a cinco meses. Oftalmo? Não tem. Médico para tratar colunas vertebrais (não sei o nome)? Não tem. Psiquiatra? O alardeado serviço de pronto atendimento psiquiátrico só atende pacientes em crises agudas. Pneumologista, cardiologista, quaisquer outras especialidades, só a partir de encaminhamento do tal clínico geral que só tem as poucas duas ou três fichas comentadas acima. Vai daí que...
Equipes de saúde de família poderiam resolver boa parte do problema. Mas Porto Alegre deixou de investir cerca de dez milhões neste trabalho, porque este dinheiro evaporou. Não sei, perguntem para o prefeito. O ex ou o atual, que era vice do ex.
Certo que muitas cidades do interior tem como principal investimento em saúde a compra de microônibus para que seus doentes resolvam sua saúde em Porto Alegre, e isto estrangula mais ainda o sistema.
Para o imaginário popular é mais fácil responsabilizar médicos e trabalhadores do setor. Para o prefeito, promessas e explicações. para os profissionais da saúde, maus salários e péssimas condições de trabalho. E para a população, horas de espera, péssimos serviços oferecidos, e a convivência já quase rotineira com o desrespeito, o sofrimento e a falta de saúde.

3 comentários:

Unknown disse...

Faltou falar da falta de medicamentos, de concurso para novos servidores, e da cara de pau do prefeito fazendo o gênero "não é comigo". Mas ele não governava a cidade junto com Fogaça? Agora não adianta tirar o corpo fora!

jo disse...

Aqui em Canoas não é diferente, não precisei ir ao hospital, mas os postos de saúde estão cada vez pior. Sinceramente entra governo e sai governo e nada adianta, só Deus!!!

Anônimo disse...

A CAMPANHA DA MANU COMEÇA A BOMBAR, MAS A TRÁGICA PEREGRINAÇÃO DO POVO NA PORTA DOS POSTOS DE SAÚDE E HOSPITAIS NÃO É SORTILÉGIO DA GRANDE POA, AQUI NA GRINGOLANDIA A BALADA SE REPETE......
AFINAL O CAPITALISMO É ISSO.......
E RECORRER A DEUS NÃO ADIANTA MAIS, SUA AGENDA ESTA LOTADA.....
SDS
FLÁVIO MAIA
direto da gringolandia