segunda-feira, 11 de abril de 2011

O mundo dos surdos

Começo amanhã um curso de LIBRAS.
Nunca antes de trabalhar onde estou tinha pensado nas dificuldades que os surdos enfrentam. Trabalhando com dois deles é que passei a imaginar o que deve ser um mundo sem ruídos, sem falas, sem música, sem conversas. Ao menos conversas como entendemos.
Optei pelo curso depois das tentativas dos dois surdos de se comunicar comigo. Aos poucos, pequenos sinais foram se incorporando èm nossa convivência diária. Claro que os sinais mais óbvios, como sim, não, eu, você, estes são simples, são óbvios. Construir palavras letra a letra é bem mais difícil, mas possível. Alguns gestos ´podem significar palavras, outras frases inteiras.
Escolas existem especiais para surdos. Aqui em Porto Alegre, as que conheço, são de primeiro grau.
E depois? 
Trabalhar com estes dois meninos abrem toda uma gama de indagações. Como incluir na educação convencional pessoas que se comunicam de forma diferente? Estarão os professores das escolas públicas capacitadas a ensinar adolescentes surdos? Como estes e outros surdos poderão, se quiserem, acessar cursos de nível superior? Apesar de leis que determinam determinado percentual para portadores de necessidades especiais em empresas, quais as vagas para surdos? E os salários? E como será a aceitação deles?
Li uma vez, não lembro onde, que um cego tem mais chances que um surdo. Convivendo com meus dois meninos começo a concordar com isto. 
Mas mesmo assim, continuo sem conseguir sequer imaginar a solidão das pessoas que vivem sem barulhos e rara comunicação com o resto do mundo.

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