quinta-feira, 10 de março de 2011

Mensagem para Dilma e outras brasileiras

E ontem  foi Oito de Março, data que até pouco tempo atrás não deixaria de participar, colaborar, ajudar na elaboração... Enfim, feminista, mas das não remuneradas, desde há muito, muito me consumi em fazer deste dia um dia de, quem sabe, conscientização, alerta, descerramento dos véus que cercam nossos preconceitos e opressões, um dia de comemorações ou denúncias.
Este ano em especial tinha tudo para preparar grandes atividades. Afinal, Nossa presidenta é mulher. A mulher mais votada deste país, para deputada federal, é de meu estado, cidade e partido. Minha outra querida camarada ocupa uma secretaria das prioritárias (SEMA) .Criou-se, no governo que ajudei a eleger, uma secretaria para ... assuntos das mulheres, ocupada por uma militante, velha conhecida por mim e competente.
As coisas mudaram. Não somos mais nós, sindicalistas, convidadas a ocupar a vaga dos departamentos femininos dos sindicatos. Além do dia das mães e da distribuição de rosas, construímos ossatura para ocupar espaços antes restritos aos "companheiros".
Não que o machismo tenha sido erradicado com a eleição da presidenta e do esforço individual de algumas militantes mais abusadas. Mas afinal, o que somos nós, mulheres hoje, para nossos partidos? Necessárias para cumprir cotas, militantes ainda hoje menos contestadoras, mais cordatas? Anos e anos de opressão não se dissipam só porque elegemos nossas mulheres. Continuamos nós, as que que reclamam, tidas por indisciplinadas e com laivos de incompreensão a respeito de nossas tarefas? Somos entendidas em nossas posturas? Bem ou mal, a dupla jornada de trabalho não se dissipa só porque a denunciamos. O assédio não desaparece só porque o denunciamos. Os salarios não se equalizam entre os sexos só porque denunciamos a diferença.
E daí entram todos os outros detalhes, as sutilezas da cor, da idade, do peso, do rosto, da cordialidade. É muito mais fácil desqualificar uma mulher (seja por falta de "marido", seja pela "TPM"), utizilando os mesmos argumentos hipócritas que sempre denunciamos nos nem tão longe anos 80, 90...
Com certeza, muitas coisas mudaram. Mas não tanto quanto gostaríamos. Temos uma presidenta, ótimo, demos quase todos nós nosso sangue para elegê-la. Gostaria de pedir-lhe, de mulher para mulher, baixe os juros, amaine esta política constritiva, diminua  a ânsia desenvolvimentista e respeite nosso ambiente. Certamente, Dilma deve ter planejamento para toda esta política que está sendo implementada. Prefiro pensar assim.
Mas não é proibido sonhar, e os sonhos são nosso alimento para a transformação. Sonhar que minhas crianças não mais serão exploradas, abandonadas, que nossas adolescentes possam ter assistência sem imposição de controle de natalidade. Que nossos meninos não desprezem os filhos que, via de regra, são criadas por mulheres, e só por elas. E que mulheres com filhos não sejam excluídas das possibilidades de empregos. Que existam creches, médicos, assistência. É isto que espero da presidenta, muito mais que Monte Belo ou ajuste de juros. Espero fraternidade com nossas meninas e mulheres.
Então, dou-me ao direito de sonhar ainda com medidas que diminuam a miséria física e moral que todos estes anos de opressão nos fizeram pensar que nós, de alguma forma, ainda não podemos sentir nossos companheiros como iguais, e nem sentir a nós mesmas como donas e agentes de nosso próprio destino e vontade.
Vou suar um velho e gasto clichê: Ainda acredito em tudo isto e muito mais. Com orgulho, sou daquelas brasileiras que não desistem nunca. Sou feminista, e espero desta geração de minhas filhas, que nossa luta tenha seguimento. Porque em vão, ah isto nunca, nunca nossa luta foi em vão.

2 comentários:

Soninha disse...

Sabes que eu poderia dizer um montão de coisas. Mas, pra que? Uma só palavra define... Rê, tu és FODA! Beijo e saudadona também.

Unknown disse...

Muito já te vi suar a camiseta (roxa) nesta data. Mas este texto celebra o que é de bom no do amadurecimento...Show.