sábado, 23 de outubro de 2010

A guerra de papel

Ou como acabar de vez com a própria imagem.
Campanhas eleitorais vez que outra apelam para táticas nada elegantes. Mentiras, calúnias, agressões. A busca do voto  não ocorrendo pelo convencimento, e sim pela pressão. Se antes o voto era conquistado pelo cabresto, pela força bruta, a cada mecanismo criado para garantir a legítima vontade do eleitor surgem novos métodos de arrancar o voto.
Com as decisões individuais garantidas pelo voto eletrônico, a saída  foi apelar para o convencimento através da mídia. A televisão, rádio, redes sociais falam ao mesmo tempo para milhões. Hoje são comuns empresas especializadas em eleições, profissionais que só trabalham para este fim. E isto ocorre na direita e na esquerda. A mídia hoje é fundamental para definir eleições, elege ou deixa de eleger. Situações como a da primeira campanha de Lula presidente, quando sequestradores foram apresentados com a camiseta do PT na última hora, quando já não havia mais como desmentir a acusação foram decisivas para a derrota do candidato em 89. De lá para cá a campanha eleitoral eletrônica só se especializou.
Mas este ano os marqueteiros do candidato das elites foram muito ruins. Certo que partiram para mentiras perigosas, capazes de influenciar eleitores pouco politizados, mas depois exageraram. Foram mais longe do que a piada de um posto médico a cada kilômetro do então candidato ao governo do RS, Germano Rigoto, que por conta disto ganhou a eleição em 2002 e depois não abriu sequer um único posto de saúde em todo o Estado.
Mas quando sentiram a derrota sem volta... Apelaram.
A piada da bolinha de papel invadiu não só as redes sociais, ocupou e está ocupando o momento político. Serra e sua pretensa agressão viraram a piada do dia no Brasil e no mundo. As variantes da piada podem ser   lidos, vistos e ouvidos do Oiapoque ao Chuí. Seu programa não expõe mais propostas de governo, abandonou até as mentiras plausíveis para os desinformados. Só fala na agressão, mostra cenas mal-montadas, só aparece como vítima. Quem quer votar num presidente que passa mal se atingido por uma bolinha de papel? 
Não entendo como a Globo entrou nesta. Certo, todos sabemos de sua preferência pelo candidato Serra desde o início da campanha. Mas a farsa montada e apresentada como "imagens do celular de um repórter" foi demais até para quem ainda acreditava na emissora.
A guerra das bolinhas de papel certamente ficará conhecida como o episódio que jogou ao ridículo Globo e Serra. A piada do ano, a chacota da vez.
Faz lembrar uma expressão dos tempos de minha adolescência: Perder uma ótima oportunidade de ficar calado. Pois Globo e Serra perderam.
Êta candidatinho bem frágil este...

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