sábado, 9 de outubro de 2010

As decisões de Marina


Recém hoje estou conseguindo atualizar e-mails, as redes sociais, e o blog. Que ficou semi-abandonado durante este período, por razões óbvias. Mas que está sendo retomado agora, voltando um pouco ao que era, cruzado com o que aprendi nesta eleição. Um aprendizado que, de outra forma, levaria anos, acho eu. Um pulo na compreensão política. Geral: Maior capacidade de discernimento, parece. Mas com a total certeza da linha política proposta, da necessidade da eleição de Dilma, indispensável, o alívio da eleição de Tarso e Paim. E com a catarse pós-eleição, com os milhares de votos confirmando os acertos.
A eleição de um parlamento majoritariamente de centro-esquerda, a campanha canalha em curso pela direita mais sórdida deste país, inconformada com a diminuição das diferenças sociais, esta é coisa. Porque lucros, a indústria nacional e a internacional tiveram; bancos tiveram, e muito, lucro. Claro que ninguém quer abrir mão de meio milênio de privilégios, mas é além. O que mais incomoda são as transformações sociais, as que os ultra-esquerda dizem não ser nada, mas que os que se auto-intitulam-se “de bem”, a sociedade conservadora e preconceituosa sente medo. Medo?
É o medo de se parecer com  negro que estuda na universidade particular junto com o branquinho de família classe média via ProUni. E que esta gentinha que hoje ascende socialmente como antes não se via compre eletrodomésticos, carros, que inche a classe média. Aliás, agora tem muita classe média. E isto, este "emparelhamento", esta possibilidade de ficar não mais tão diferente dos pobres e miseráveis, por mais que impossível no capitalismo, esta empáfia de 510 anos que os poderosos e dominantes brasileiros sempre tiveram com os outros brasileiros é, para  mim a maior dor que trará a eleição de Dilma Presidenta. Grande como a angústia de não poder vender CEF, BB, PETROBRAS. Ou de vender mais estradas e construir pedágios, e deixar o SUS tão ruim que quem pode, faz plano de saúde privado e paga o que nem pode por isto. Diminuir diferenças e distribuir renda é demais para este povo. Para quem acha programas sociais moralmente condenáveis. Quem acha que o que vale mesmo é a força de vontade e o talento de cada um para superar concorrentes e vencer, faturar e ser sempre o melhor. Tentar mostrar outra vida possível e promover um pouco de cidadania para quem nunca a teve, isto a burguesia brasileira não aceita.
Tentaram de tudo, continuam tentando, mas é difícil ser competente ao enfrentar o presidente com o maior índice de aprovação da história do país. Serra, coitado, não emplaca nem com todas as armações do mundo. Não iria para o segundo turno de jeito maneira. Daí a arma cuidadosamente articulada, cultivada. A doce Marina.
E a história se repete: É a mídia detonando, a boataria correndo, a baixaria pegando. E os colaboradores de sempre. Eleição passada, Heloísa Helena. Esta, a bem mais competente Marina. A direita não brinca,
A ambientalista que é favorável à implantação das usinas hidrelétricas. Que só fala em sustentabilidade, mas que esquece a pior de todas as poluições, a miséria. A que, em toda sua campanha não teve uma única palavra contra as papeleiras, a proliferação dos eucaliptos, a poluição mascarada da Vale. Que nem passou perto de denunciar empresas poluidoras, que não propôs em toda a campanha a pauta mínima que propõem os ambientalistas sérios.
Aquela Marina, tucana de bico verde, me deixa sempre uma dúvida importante: Penso se alguém com sua trajetória política, alguém aluno do Chico Mendes, acredita no que diz. Será que Marina crê que seus pares partidários são  ambientalistas? Marina acredita mesmo nisto? Ou jogou fora toda sua história, sua trajetória, o que ela acreditava? Não, não me convenceu uma ambientalista que não tem divergências de fundo com a candidata do que foi seu campo por trinta anos. Xis dias para definir o que fazer. Mas ela não sabia meeesmo o que deve ser feito? Ela já não sabia que Serra é neoliberal? Não lembra como foram os anos FHC?  Gabeira já decidiu por apoiar Serra. Será este o caminho de Marina, um novo Gabeira?
Mas por hoje, deixo esta questão: Se Marina mudou tão rápido de pensamento, de método, de princípios. Ou se está mais perdida que Cusco em procissão e não se dá conta das coisas que anda fazendo. Ou ainda, se ela sempre foi assim e ninguém antes notou.
Nada como esperar alguns dias para ver que decisão tomarão Marina e seu PV. Mas o serviço já prestado à direita, este não terá como apagar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não terá como apagar o serviço prestado ao Brasil de eliminar a bipolarização das eleições, como se não houvesse outra opção além de "direita" e "esquerda". Ela tinha todo o direito de se candidatar já que nenhum dos dois principais candidatos atendia às necessidades de um Brasil mais justo e solidário, que tenha um desenvolvimento sustentável e dedicado à educação. Claro que ela sabe que o neo-liberalismo não é a melhor opção, mas tardar em apoiar a Dilma pode trazer melhoras no programa de governo do PT que ainda pensa que desenvolvimento é sinônimo de destruição.

Hamilton

Bete disse...

Não foram os petistas que inventaram que capitalismo é destruição;e tem mais, esta etapa do seu desenvolvimento é destruição destrutiva (veja STVAN MÉSÁROS em o Desafio e o Fardo do tempo Histórico).
Já quanto a Marina era isso mesmo falta-lhe compreensão, mas exatamente por isso sobra-lhe oportunidades. Esse verde que passou a ostentar passa por ai.