sexta-feira, 28 de junho de 2013

Altos e baixos

Depois da emoção das ruas, a fala  repugnante de  Freire
O mundo não é justo. Certo, já sabia disto desde pequena, mas hoje eu não precisava ter sido lembrada desta máxima.
Trabalhei durante o dia, pesquisei para o artigo que estou escrevendo sobre a falt de vagas para mulheres dependentes químicas, reuni com os outros participantes da comissão eleitoral do SINTRAJUFE (Vai que dá, Ramiro Lopes!) e fui para a manifestação.
Na mesma praça onde costumávamos protestar contra os ex-governadores que não recebiam trabalhadores, Yeda Crucius e Rigotto, encontrei e reencontrei muita gente. Quero, em outro momento, desenvolver a reflexão acerca da surpreendente renovação deste povo. Povo “povo”, estudantes organizados ou não, trabalhadores que levaram rosas, organizações pequenas e grandes, novas e antigas. Comentando esta surpresa com outros dinossauros, concordamos que o movimento sindical sempre reclama da falta de renovação de quadros. Mas que nem sempre os novos quadros são aceitos, trabalhados, preparados. Sei, sim, que praticamente todas as Centrais organizam e oferecem programas de formação e estimulam a participação. Mas é difícil ver um histórico do movimento sindical abrir mão de seu cargo para o recém-chegado. Existem exceções, para confirmar a regra.
Voltando do devaneio, participei de uma manifestação pacífica, com alguns poucos encapuzados, cerca de dez mascarados de Coringa. Ouvi bons e maus discursos, cartazes com as mais diversas e estranhas reivindicações. Um grupo carregava apenas bandeiras vermelhas, e me explicaram que ainda não tinham definido a ordem de suas propostas.
Cartazes pedindo o passe livre, a reforma política, fora Feliciano, fim da corrupção, mais saúde, mais educação, respeito aos direitos dos animais, legalização do aborto, fim do fator previdenciário. Descrevo a manifestação como uma catarse coletiva, colaboracionista, onde os diferentes sentiram-se iguais.
Saí da praça quando o Governador recebia uma comissão de manifestantes, ao som da banda que tocava uma música de Violeta Parra. Lembranças, emoções. Olhos molhados. Maravilhosa esta sensação que me visita e revive momentos mágicos do passado.
Chegando em casa, liguei a TV buscando alguma matéria.
E aí relembrei que o mundo não é justo. Porque quem estava na tela era Roberto Freire. O vendilhão, o neoliberal, o capacho de FHC. Aquele homem que, em 1986, quando eu era PCB me explicou que deveríamos tirar as foices e martelos das bandeiras para ter mais “influência” nos movimentos sociais.
Se eu não conhecesse sua voz, poderia fechar os olhos, ouvir e pensar: Mas Serra, ou Aécio, ou FHC radicalizou seu discurso! Apavorado com a inflação que retorna descontrolada, estarrecido com a corrupção, indignado com as péssimas condições de saúde, educação, o país que ele descreveu certamente não é o é o Brasil. Poderia ser a Espanha, a Grécia... Defendeu a não necessidade de filiação partidária para cargos eletivos... Não consegui ouvir mais. Direto para meus CDs. Violeta Parra, Mercedes Sosa. Antídotos razoáveis. Mas aquela emoção tão gostosa, as lembranças, talvez na próxima manifestação.
Mais tarde, pela TV, fiquei sabendo que saí minutos anates de começarem os tumultos.
Certamente subsidiados por quem não tolera povo nas ruas nem estabilidade, muito menos as notícias sobre a popularidade do Governo. Tipo o fascista Freire.
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