domingo, 21 de novembro de 2010

O que é isto, santidade?

Pois agora a hipocrisia religiosa declarou-se com todas as letras. O dito "santo" papa, pressionado pela verdade, pela ciência e pela lógica resolve admitir que preservativos podem ser usados,  mas só em determinadas situações.
Pois agora a igreja católica agora admite o uso de preservativos, mas restrito aos homens que se utilizam da prostituição. Feminina, claro. E só nestes casos.
Adolescentes descobrindo sexo, adultos com vida sexual ativa, homo e heterossexuais, se não estiverem usufruindo de sexo pago, continuam sendo excomungados, ou seja, incorrendo em pecado que lhes poderá custar a alma no céu. No entendimento da santidade, além de admitir abertamente a prostituição (a feminina, claro), absolve de punição os homens que dela se utilizam, apesar de condenar as mulheres que lhes fornecem a prestação de serviços sexuais.
O uso de preservativos merece recomendação em qualquer situação, como única  forma capaz  de deter a epidemia de AIDS que se alastra pelo planeta todo. Mesmo entre casais com relações formais, mais ainda entre pessoas com relacionamentos eventuais. A AIDS, que hoje já não ocupa tanto espaço na mídia, mas que continua matando, deixou de ter grupos de risco hoje ameaça indiscriminadamente homens, mulheres, gays, jovens e velhos. Merece campanhas preventivas e que tem como única barreira justamente o que é, para os arcaicos religiosos católicos, pecado. O preservativo.
A África, como continente ainda em colonização, com seus missionários cristãos, sejam eles católicos, islâmicos ou protestantes, é o mais atingido pela epidemia. A medicação que no ocidente torna a infecção pelo HIV uma doença crônica, por lá atinge e mata cerca de um quinto da população. Lá inexiste  uma  política governamental que distribua medicamentos, que dê conta dos já infectados. Os estupros, crime comum naquele continente, somado à proibição religiosa de preservativos torna a AIDS a maior causa de mortes e reduz a expectativa de vida aos 40 anos em determinados países. São inúmeras as crianças infectadas. Ao invés de gastar com missionários, bem poderiam os cristãos gastarem seus euros e dólares com preservativos e coquetéis. Não salvassem a alma, ao menos a carne estaria resgatada. Mas não, os herdeiros do Cristo crucificado preferem as almas, indiferentes ao sofrimento e a miséria. Portanto,  condenam e tornam pecado o uso de preservativos, influenciando os governos e a prória sociedade civil. para que não haja programas de distribuição gratuita de preservativos. E naqueles países destroçados pela crueldade ocidental, ainda hoje e muito dominados pelo imperialismo, a religião é ponto essencial para a dominação branca. A  cultura ocidental cristã imposta em detrimento da rica cultura africana está se dando, em sua maioria, pela religião monoteísta cristã. Os africanos não eram acostumados à idéia de um deus bisbilhoteiro, vingativo e cruel. E é este deus que proíbe a camisinha, que reforça o machismo, que estimula crenças infames (como a cura da AIDS através do estupro de uma virgem), e ainda proíbe o que lhes poderia salvar a vida.
A ameaça do fogo eterno aos usuários de preservativos extrapola o fanatismo, a irracionalidade. Beira o crime, conduz os incautos que professam tal fé ao risco de vida. Porque ao reconhecer a abstinência e a fidelidade como únicas formas de deter a epidemia, a igreja católica torna-se responsável pela possibilidade de morte de milhões de pessoas que professam sua fé.
Mas a contradição admitida pelo papa merece um olhar especial. Ou seja, homens podem pecar contra a castidade e inclusive precaver-se da contaminação.
A hipocrisia cristã avança mais um passo para sua própria desconstituição.
Afinal, a igreja prefere salvar almas, mesmo que os corpos padeçam até a morte de uma doença que facilmente poderia ser evitada. Tudo culpa de Eva, que, afinal, seduziu Adão.

2 comentários:

Heverton Lacerda disse...

Só uma palavrinha: BARBARIDADE

ALL XXX disse...

Como sempre, uma boa digressão sobre temas tabus, espinhosos e polêmicos. Parabéns, Re!