segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma ganhou, Marina sumiu, Serra não morreu




Aquele suspiro de alívio a que só me atrevi quando ouvi do ministro Levandowski o anúncio oficial de vitória de Dilma. Do início da campanha até aqui, passando pelo avesso de eleger o governador Tarso no primeiro turno e entrar em campanha para o segundo, momentos impagáveis, como a expressão dos globais âncoras de diversos telejornais, e tensão, muita tensão.
Concorri eu, como tarefa partidária, sabedora da impossibilidade da eleição. Sabedora mais da necessidade de, primeiro, tirar de meu estado o urubu paulista que por aqui pousou. Mas imensamente mais sabedora da necessidade de continuar o projeto nacional de desenvolvimento, de não vergar a coluna aos poderosos do norte, de seguir o que começou com Lula.
Dilma não é Lula, e tomara que esteja ele sempre ao seu lado.
Porque não será nada fácil manter e acirrar o processo iniciado em 2002.
Tive uma idéia do que espera por Dilma ouvindo hoje, no rádio, uma entrevista  sobre a necessidade de nova reforma da previdência, com louvores sobre a atitude de Sarkosy na França, sobre o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Ou seja, o movimento sindical querendo acabar com previdenciário e o neoliberalismo hoje, um dia após a eleição da presidente, dando seus ares.
Dilma ganhou. Tanto quanto Lula, ganhou o governo, quanto ao poder é outra história. E olhos gananciosos espreitam, com muita gula, um Brasil que teve sua economia resgatada por Lula apresar de todas as armações, escândalos, mídia cercando, denúncias de todos os tipos e queixas. Muitas queixas dos herdeiros do capital acumulado por mais de 500 anos de escravidão, explorações, expoliações, uma luta de classes em que sempre o sem alguma coisa foi massacrado pelo dono de muitas coisas. Por isto a repulsa pela bolsa família, por programas sociais, por qualquer coisa que trouxesse ao Zé Povinho qualquer sopro de vida melhor.
E isto, esta indignação do neoliberalismo com um governo que ousa contrariar os poderosos de sempre não passará em branco, tanto quanto o governo Lula não passou. Os neoliberais e seus novos aliados, como a "doce" Marina, que ao não se decidir decidiu-se. E que desapareceu providencialmente após sua confissão de cada um por si e deus por Serra. Mas que deixou claro que foi apenas uma escapada estratégica, para acumular forças e retornar com tudo com sua esperteza de beata inconformada. 
Terá companhia. 
Pelo discurso ácido do "candidato derrotado", como inclusive a Globo está chamando o tucano, pela expressão de ódio, pelas ameaças veladas e as garantias de retorno, a direita sai desta eleição organizada e com líder definido. E não poderia ser outro. Afinal, nem Aécio nem Alkmin, nem Jatene, todos eles com mandato vão querer chefiar a ira neoliberal. Os ventos progressistas sopram na América Latina, no mundo. Mas um líder fascista sempre encontra seu lugar, e Serra tem tudo para transformar-se numa referência da direita brasileira, quiçá latino-americana. E o PSDB não saiu mal desta eleição. Elegeu boas bancadas estaduais e federal, oito governadores que juntos administrarão 56,4% do PIB brasileiro. E Serra, o derrotado, afinal fez seus 45% de votos. Muito voto.
Serra não morreu, e Marina, entre outros, aguarda-o. Tomara Dilma, a base aliada, os brasileiros e brasileiras decentes saibam identificar, denunciar e combater as baixarias e artimanhas desta oposição inconsequente e irredutível que busca apenas a desestabilização do projeto desenvolvimentista nacional.
Por isto nossa tarefa começa antes mesmo da posse de Dilma. Empurrar seu governo cada vez mais para a esquerda, mas dar-lhe sustentação nas ruas, nos movimentos sociais, alimentar a internet com informações corretas. Com a direita não se brinca. 
Mas ninguém segura o povo organizado e um governo coerente.

Um comentário:

ALL XXX disse...

Muito bom texto, não havia lido ainda, mas acho que faltou a palavra "fator" logo depois de "o movomento sindical querendo acabar com o (...)previdenciário". Concordo que mal fecharam as urnas e a direita/mídia já passou a querer pautar não só quais reformas devem ser feitas, mas principalmente qual seu conteúdo. Olho vivo!