domingo, 19 de dezembro de 2010

Os filhos do Crack

Casualmente ontem li uma coluna que habitualmente não faz parte de minhas leituras: A de Paulo Santana.
Chamou atenção quando passeei os olhos pela página a sigla GHC. E li-a toda, com satisfação de ver um trabalho valioso, desgastante e necessário,  o acolhimento dos usuários de crack.
Falo em crack e não em outras drogas por saber os efeitos variados, as consequências de umas e outras. Já atendi, quando monitora do que hoje é a FASE adolescentes que mataram para comprar cocaína, assim como conheci pessoas que fazem uso, digamos, recreativo desta droga, se é que é possível. Nunca recebi alguém que tenha praaticado massacres para comprar um cigarro de maconha. O álcool, dependendo de outros componentes da psiquê humana, causa estragos que podem conduzir à morte, Idem o cigarro (logo eu, recentemente ex-fumante). Urge discutirmos uma política para drogas, mas sem a carga moral que normalmente acompanha a dependência química, o alcoolismo, o uso de medicações como contenção química, como panacéia para aliviar angústias e modificar comportamentos.
Mas não esta droga. A letalidade do crack me convence de sua função de extermínio da juventude pobre.
O crack tem outras conotações, tem outras finalidades. O crack mexe com o prazer de uma forma que outras drogas não conseguem. Por crack famílias se destroem, se matam. Traficantes de crack, se usuários, são candidatos à morte em curtíssimo prazo. 
Mas as maiores vítimas não são as familias, os usuários que morrem, os roubados pelo vício.
São os bebês de crack.
Que são abandonados nas maternidades logo nas primeiras horas de vida, que sofrem convulsões pela abstinência, que além do abandono tem que conviver com a ansiedade de não saber de onde vem aquele desespero que os faz chorar, sentir fome, pedir colo, pedir água, querer o que puderem aliviar a falta da droga que recebiam via placenta materna.
Bebês feios ou bonitos, mas que não se desenvolvem normalmente. Bebês de um ano que ainda não engatinham, que sequer firmam o pescocinho, que nem de perto lembram o desenvolvimento costumeiro de crianças. Bebês no fim da fila e de chances de adoção.
Por isto, parabéns, GHC. Parabéns, Néio Lúcio. Mas, se metida que sou, puder dar um palpite, dou.
Que estas gestantes tenham a prioridade do atendimento. E que estas crianças recebam o maior cuidado, o maior carinho, que se busquem alternativas. Porque fumar crack, com toda a explicação das mazelas sociais, acaba sendo uma contingência ou opção para a mãe. Mas bebês não fazem esta opção.
Imagem:http://anjoseguerreiros.blogspot.com/2009_

Um comentário:

Vitor Espinoza disse...

é isto mesmo camarada, a droga está a serviço de quem ????? e para quem?????
Com a unica finalidade de acabar com a juventude mais vulneravel!