quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

As sobras da Operação Rio

Alguém saberia dizer como será depois que a ocupação do Rio deixar de ser manchete?
O que fzer com os milhares de "bandidos" expulsos dos morros cariocas? Sim, são traficantes, olheiros, fogueteiros, empacotadores, seguranças, gerentes e outras funções que nem sabemos.
O tráfico emprega, hoje no Brasil, uma considerável quantidade de jovens, em sua maioria sem instrução ou qualificação que lhes permita disputar o mercado de trabalho em condições de igualdade com quem não mora nas favelas, possui um melhor vocabulário, aparência e encaminhamento. Quem nunca passou por uma boca de drogas, que passe para ver. A segurança é total: Traficantes não querem "pilhas" em sua área. O tráfico é uma empresa com hierarquia, com - pasmem-  plano de carreira. Claro que a vida útil de um trabalhador do tráfico é breve, muito breve. Depois,  cadeia ou morte. A FASE está lotada de meninos que querem sair para a rua para "trabalhar". 
Tráfico é carreira. Bem curta, mas em muitos casos, a opção mais próxima, rápida e glamurosa..
Nós, com nossas concepções formadas a partir da escola, família e até em alguns casos igreja, não conseguimos entender que para estes meninos o tráfico,  um emprego, que lhe dá o que a TV mostra, o que eles almejam consumir  e que eles não tem como ter. 
Quem disse que as pessoas devem obrigatoriamente comportar-se da mesma maneira frente aos desafios da vida? Porque uns tem, outros não? Que critério? E se aquilo que a mídia me diz que preciso ter para ser, se  não tenho emprego, sou feio , analfabeto e tímido, como conseguir o que eu quero? 
Ações exemplares ficam marcadas, causam impacto, repercutem.
Afinal, quando o Estado não cumpre a sua função, cria-se um estado dentro do estado.
Mas continuo querendo saber o que será feito dos nem tanto criminosos, e como tocarão suas vidas.
A violência decorrente do tráfico é decorrência . da criação, do meio, da vaidade e do capitalismo. Dos usuários, que buscam suas drogas onde elas estiverem.
Não, não estou fazendo apologia do tráfico, penso que a situação no Rio era limítrofe e algo predcisava ser feito.
Mas apenas ocupar morros e favcelas expulsando os traficantes que antes detinham o controle não resolverá o problema da violência.
Os duzentos, os dois mil ou milhares de trabalhadores do tráfico não passarão automaticamente a bancários, corretores, vendedores. Continuarão sem trabalho. Precisando comer. Com mais raiva represada., A expulsão das favelas não os transformará em profissionais com qualificação, não lhes matará a fome, não mudará anos de convivência e aprendizado da favela.
Então, o BOPE e a GLOBO podem estar em seu momento de glória. Mas estes homens, mulheres e meninos continuarão tendo necessidades, e suprindo-as da maneira que conhecem.
Porque não foi pensado em como absorver esta imensa mão de obra, em capacitação, encaminhamentos, alternativas. Foi uma "ação exemplar", daquelas que agradam desde a imprensa internacional noticia. Realmente, ação de impacto.
Mas o se viu na mídia, foram  adolescentes miseráveis correndo em meio ao mato, em fuga desabalada, enquanto os verdadeiros chefes do tráfico nem estavam lá.  Ah. certamente alguém vai dizer : São assassinos, torturadores..... Certo, muitos são. . Mas para quem a própria vida não vale nada, porque a alheia valeria? Lembro de um adolescente da antiga FEBEM que me dizia sempre: "Dona, prá morrer basta estar vivo. E morro eu, tem mais cinquenta prá aparecer."
Claro que morreu antes de completar 18 anos.
Que bom que o Rio não tenha mais ônibus queimados, arrastões. selvageria.ado se eximiu de suas obrigações o tráfico e as milícias assumiram os territórios e isto não deve, não pode acontecer.
Claro que a polícia tem que agir, claro que a população precisa de segurança, claro que enquanto o Est
Mas eu gostaria de saber onde estão os que fugiram, e por quanto tempo. E para onde vão. Quanto tempo levará a reorganização, se não forem tomadas outras providências que não as militares. Quantos empregos existem para ser oferecidos? Quantos leitos para dependentes? Como impedir que o crime organizado ocupe espaço em outros espaços?
Ou, quem sabe, teremos automaticamente e por obra divina, centenas de novos profissionais, capacitados, totalmente desvinculados do crime. Quem quiser, que acredite. E estes novos trabalhadores, acostumados com outra vida e outros ganhos ingrressarão no mercado de trabalho cor-de-rosa tranquilos e satisfeitos com a precarização de trabalho e dos baixos salários, com alguma mágica que não conheço. 
Para algum lugar, eles vão.



2 comentários:

Anônimo disse...

Regina, parabens pelas colocacoes que vc fez, converso que li duas vezes, o que mim fez pensar, e fica claro preocupada com a situacao, e mais seria do que se imagina.Espero que o governo que tem compromisso com o desenvolvimento do BRASIL, faca alguma coisa.
Muito obrigada pelo artigo.

frei disse...

Este processo de inclusão social passa necessariamente pela reorganização do Estado dentro destas comunidades abandonadas a própria sorte durante decadas.
Em todas as cidades do Brasilzão este abandono é exatamente igual, no Rio este processo esta acontecendo por causa da Copa e das Olimpiedas, a questão é saber se o governo Dilma vai dar continuidade as UPPs, mas não adianta ficar só nesta politica, por que o processo social é mais amplo e tem que ser o mais democrático possivel, já que nossa cultura e instituições estão eivadas de vicios da ditadura. Portanto o desafio esta posto, teu texto levantou algumas questões, mas a balada é complexa...beijos