sábado, 27 de março de 2010


Nuvens vistas da janela de aviões
são tapetes esparramados.
Cobrem os rios esfumaçadas em vapor,
amontoam-se em pequenas bolotas,
fazem figuras, desfazem figuras,
deformam-se e formam e voltam em seguida.
Nuvens (notadamente as bem brancas),
cinzas, quase chumbo,
grossas, finas,
quase transparentes,
transbordando e sumindo,
para revelar lá, muito longe,
um rio, um monte, uma cidade.
Nuvens confundem-se com o horizonte,
parecem gatos gordos,fumaça correndo,
sombreiam e são cercadas por sol.
Nuvens crescem, encharcam a paisagem,
entopem as janelas,
são absolutas.
Mas as nuvens aos poucos
começam a escassear,
o chão se poe a crescer,
os andares se desfazendo,
os fiapos de nuvens correndo no céu.
Então o chão toma conta,
toma sua forma,
e as nuvens voltam ao céu
esperando outros passageiros
para acompanhar mais uma viagem.

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